terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mais sobre "North & South"


Vários de nossos visitantes estavam à busca de informações sobre Norte e Sul; por isso pomos aqui um link para um site americano que tem diversas fotos de Margaret e Mr. Thornton, bem como -- para os que lêem inglês -- uma boa resenha da minissérie. Na página para onde este link os enviará há algumas fotos; e nela, é só clicar ali onde está 'North and South photo album' para ter acesso à galeria completa de fotos.



Dois avisos: primeiro, talvez alguns se decepcionem com as fotos de Margaret -- nossa opinião é que Daniela Denby-Ashe sofre de "afotogenia" aguda --, mas podemos dizer que no filme ela é linda, e perfeitamente encantadora.
O segundo aviso é: cuidado, muito cuidado! Quem clica neste link o faz exclusivamente por conta e risco próprios! Pois quanto a nós, foi depois de ver todas as fotos nesse site que nosso estado de interesse na história ficou realmente grave e irremediável; e compramos o filme!

O Cavaleiro e o Leão


Um conto simples e comovente sobre coragem, gratidão e lealdade

Entre os nobres cavaleiros de Provença que partiram para as Cruzadas contra os infiéis que se haviam apoderado da Terra Santa, havia um senhor chamado Godofredo de la Tour, de grande valor, de imensa coragem, guerreiro heróico e desassombrado como jamais a outro se conheceu. Nos combates, era sempre o primeiro a lançar-se contra o inimigo, sem ter o cuidado de proteger o corpo contra as lanças, os dardos e as pedras. Cavalgando um soberbo animal, arremetia contra a mourama, tendo por escudo unicamente o nome do Senhor nos lábios. Assim, sua reputação cresceu, e cresceu tanto, que em todos os exércitos cristãos era admirado e decantado por todos os soldados.


Um dia, cavalgava num campo, junto a outros cavaleiros, seguido de numerosos homens de armas, quando se ouviram os rugidos, terríveis, de um leão. Todos tremeram, temerosos de cair nas garras da fera. Godofredo de la Tour porém, sereno, desmontou, desembainhou a longa espada de punho cravejado de pedras preciosas, e dirigiu-se para a floresta onde o campo, numa baixada, terminava.
Disposto a medir forças com o felino, avançou, impávido.


Ao entrar na mata, deparou-se-lhe um espetáculo terrível. Não eram rugidos de cólera os que o rei das selvas lançava, mas sim de dor. No lugar onde dormia, insinuara-se tremenda serpente e o aprisionara entre os anéis que despedaçavam.
A serpente, os olhinhos a brilhar, de língua bipartida de fora, enrodilhara-se de tal forma no leão apanhado de surpresa, que o pobre, por mais que fizesse, não conseguia articular um único movimento que fosse, muito menos causar à serpente o menor dano.


Calmamente, monstruosamente, o réptil temível ia apertando a fulva fera, intentando asfixiá-la e engoli-la depois. O felino não só sofria pela dor que o arrocho lhe causava, mas também, e talvez mais, por morrer de maneira tão ignominiosa. O olhar que lançou ao cavaleiro que, inopinadamente, surgira foi o de um ser que vê a vida que se esvai, desesperançado de tudo, mas que, num átimo, encontra a sua tábua de salvação.


Godofredo de la Tour avançou. A espada, levantada, lampejou e desceu certeira sobre a cabeça da serpente. Os anéis relaxaram-se, o abraço relaxou-se. O leão moveu-se, respirou, livre. Com um salto para trás, o valente De la Tour ficou em guarda, pronto para enfrentar a fera.


O leão, a princípio com dificuldade, depois com mais desembaraço, desvencilhou-se do corpo enrodilhado a inimiga atroz. Sacudiu-se. Sacudiu-se como se quisesse despojar os invisíveis anéis viscosos que o incomodavam. Enfitou os olhos nos olhos do salvador e, reconhecido, avançou para Godofredo de la Tour, esfregando carinhosamente, nas pernas do cavaleiro, a vasta cabeça de jubas de ouro.


A partir daquele momento, a fera considerou-se cativa de De la Tour, seguindo-o a todas as partes como um canzarrão fiel. Grande foi a surpresa de todos, ao verem Godofredo seguido do leão. Muitos fugiam, e os homens de armas do cavaleiro ficaram apavorados. Logo, porém, reconheceram que o felino era o melhor servidor do amo.
Era de ver-se, nas batalhas contra o turco, a sanha da fera. Lançava-se contra o inimigo, a rugir, em saltos descomunais, as garras à mostra, terrível como jamais, fazendo fugir atabalhoadamente, aos que não conseguia destroçar.


Terminada a Cruzada, os cavaleiros retornaram à Provença. Voltaram alegres, entoando canções ao país do sol e de alegres moças. Godofredo, contudo, era o único entristecido.


À hora de embarcar, o capitão do barco, terminantemente, não quis admitir a fera. Por mais que De la Tour argumentasse, por mais que rogasse, não conseguiu vencer a fortaleza do comandante.

E o leão teve de ficar.


Vendo o navio afastar-se, soltando baixos e graves rugidos, atirou-se ao mar. Nadou, nadou, até que as forças o abandonassem, e pereceu afogado, enquanto, também afogado em quentes lágrimas, Godofredo de la Tour chorava. Chorava, numa sentida homenagem à fera de coração de ouro.



(Enciclopédia Universal da Fábula, vol. XXV, "Godofredo de la Tour")

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

"Lembre-se de que todos os mundos chegam a um fim; e que uma morte nobre é um tesouro que ninguém é pobre demais para comprar."
C. S. Lewis, A Última Batalha

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Dearest, loveliest Elizabeth...


Estou pondo esta foto aqui por dois motivos: primeiro, porque não gosto de deixar a primeira imagem do vídeo como estava, logo na entrada (ainda mais que Mr. Darcy não está particularmente bem nela); e segundo, Elizabeth está tão linda na foto que não faz mal algum vê-la!

Clip de Orgulho e Preconceito


Para as que gostam da série, aqui está uma linda cena. Elizabeth, em Pemberley, toca e canta; e Mr. Darcy contempla-a enlevado. Eis o que nossa encantadora pianista está cantando:


"Dizei, vós que experimentais
O fugaz feitiço do amor;
O que é esta tristeza
Que nada pode dissipar?"


E digamos nós, é de espantar que ela cante isto tão bem, ou que ele a olhe assim?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

North & South



Excelente produção da BBC, Norte e Sul (2004) continua sempre a conquistar novas adeptas por todo o mundo – pelo menos a julgar pelos fóruns Internet afora, e pelas resenhas dos usuários da Amazon.com.

Parece mesmo haver muitas que consideram o herói desta minissérie como o mais perfeito tipo do herói quieto, reservado e taciturno, sustentando que ele consegue – quem diria! – superar o personagem romântico por excelência, o idolatrado Mr. Darcy de Colin Firth.

Mas, vamos à história.

Baseado no romance de mesmo nome da autora inglesa Elizabeth Gaskell, e passado no século XIX, North and South conta a história de Margaret Hale (representada por Daniela Denby-Ashe), uma jovem de classe média do sul da Inglaterra. Seu pai é um pastor anglicano que, “por uma questão de consciência”, muda com a esposa e a filha para um novo lar no norte, na cidade industrial de Milton.



Margaret é lindíssima - principalmente quando tem razões para estar feliz.

Para Margaret, é um choque a mudança do ambiente campestre do sul, onde a vida é mais fácil, para uma cidade de fábricas, onde os homens sofrem a escravidão às máquinas que a Revolução Industrial lhes impôs. O novo ambiente lhe é hostil, e ela sente-se solitária. Sendo uma jovem franca e compassiva, Margaret se interessa pelos trabalhadores, procurando auxiliá-los, e experimenta desde o começo uma antipatia pelos proprietários das fábricas; em especial por um Mr. Thornton (Richard Armitage, no papel que o tornou conhecido), que recebe aulas de Filosofia do pai dela.

Este por sua vez, um homem severo e duro com seus empregados, não aprova a intimidade de Margaret com os trabalhadores das fábricas. Contudo, admira sua inteligência, generosidade e cortesia (e sua beleza também, é óbvio!), e acaba enamorando-se profundamente dela. Aos poucos, conforme conhece a cidade e as pessoas, Margaret começa a compreender melhor Mr. Thornton, e mesmo a apreciar suas qualidades – à primeira vista não aparentes –; mas os trabalhadores entram em greve, a situação torna-se cada vez mais delicada; e as circunstâncias parecem conspirar contra as esperanças de Mr. Thornton.

Isto dito, não podemos continuar, para não estragar o prazer das que ainda não viram o filme. Só vamos adiantar que são quatro horas que vão entre o começo e o fim, e que muita coisa acontece – para o bem como para o mal – antes de passarem os letreiros finais. E contudo, quando o filme acaba, você gostaria que ele continuasse.

Não vamos dizer que este filme é perfeito, porque não é: há dois atores de certa importância que não convencem muito, e os produtores erraram um pouco na dosagem das cenas de miséria. Mas com todos os seus defeitos, ele mais do que vale a pena. Quanto às comparações que fazem dele por toda parte com o Orgulho e Preconceito, deve ser notado desde já que este filme não é como os de Jane Austen. Ele seria antes uma mistura de Austen e Charles Dickens; por conta daquela, o romance; e deste, as questões sociais.


De fato, as relações entre patrões e empregados têm grande importância no enredo de North and South. Apesar disso, o filme não é a típica história socialista, em que os patrões são os vilões e os empregados, os “coitadinhos”. Não; ele apresenta um toque algo socialista, mas leve e facilmente identificável. Alguns (os homens especialmente) preferem este tipo de história às de Jane Austen, que são centradas tão somente no amor e no casamento; mas por outro lado, o aspecto de drama e sofrimento de Norte e Sul fá-lo menos leve e divertido. É um filme de que talvez a vovó não gostasse tanto.

Nós contudo, assim como alguns milhares, apreciamo-lo enormemente; e temos certeza de que as que não o viram ainda também gostarão dele. Para as que viram perguntamos: temos ou não razão? Depois da primeira vez, você não teve vontade de sair pelo mundo fazendo proselitismo? “Assistam, assistam, vocês não sabem o que estão perdendo!”


E nessa hora dói que, como o P&P de 95, esta série não tenha sido lançada no Brasil; e que não exista versão dela com legendas em português.


Voltando à comparação que se faz entre o Pride and Prejudice e o North and South deve ser dito que, em nossa opinião como na de muitas outras (e muitos outros), as semelhanças entre as duas histórias são superficiais; e as diferenças, grandes demais para permitir comparações. Não é preciso escolher entre as duas séries: ambas são excelentes produções. Têm estilos diferentes sim, mas têm as duas um mesmo tema predominante: uma história de amor que é convincente e bela.

L’Amor che muove il sole e l’altre stelle!


(Para ver tudo o que já publicamos com relação à minissérie 'North and South', clique logo abaixo no link 'Norte e Sul', que listará todas as postagens relacionadas.)

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Atualização de conteúdo: a minissérie North & South foi lançada no Brasil pela editora LogOn. O DVD, que pode ser encontrado na Livraria Cultura, tem legendas em português e em inglês -- e um preço bastante razoável!